quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

O Retrato de Dorian Gray - Oscar Wilde

A história do clássico de Oscar Wilde gira em torno do personagem principal, Dorian Gray, que inicia o romance como um jovem diferente, cujo rosto e personalidade atraem o pintor Basil Hallward. Dorian passa a ser o modelo inspirador de Basil até concluir sua melhor obra: o retrato do garoto. Por meio de Hallward, Dorian Gray conhece Lord Henry Wotton, que o faz pensar sobre a beleza juvenil e faz com que Dorian deseje que seu retrato, pintado por Basil, envelheça durante os anos ao invés do próprio Gray. Por mais absurdo que poderia parecer a ele, seu desejo torna-se real e quem passa a ganhar rugas e manchas na pele é sua imagem retratada e não seu porte físico tão moço na época.

Depois dessa sinopse, eu fiquei realmente interessada para saber como o autor iria destrinchar essa trama. A partir da idéia central do “retrato que envelhece”, Wilde poderia ter tomado muitos caminhos, mas ao invés de tornar a história apenas um romance comum que acabaria bem, a narrativa me prendeu durante boa parte do livro por ser interessante e diferente. Talvez, ao discutir sobre o livro com outra pessoa que o tenha lido, eu mude um pouco de idéia quanto ao o que eu acabo de ler. Mas, por enquanto, eu acho que esse livro traz muitas questões a serem discutidas, como o valor da beleza, o impacto disso na sociedade, a moral e a construção de valores pessoais. É um livro para se pensar depois de terminá-lo e não simplesmente jogá-lo novamente na estante e esperar que outra pessoa o leia.

Um dos aspectos sobre O Retrato de Dorian Gray é como o autor desenvolveu o personagem ao longo das páginas escritas. É interessante perceber o quanto Dorian Gray se modifica durante os anos que se passam. No início, ele é apenas um jovem qualquer – inocente e inexperiente -, embora se destaque pela sua beleza. Basil o admira exatamente por isso: ele ainda não está “corrompido” e não tem muitas opiniões próprias. É Henry Wotton que o enche de idéias e que, ao meu ver, é o culpado pelo desejo de Dorian nunca envelhecer. Pois, embora Basil tenha criado o retrato, foi Wottom quem exprimiu as idéias sobre envelhecimento e sobre a perda da beleza juvenil. Porém, Dorian não enxerga a coisa assim. Ele sempre culpará o retrato e seu pintor.
Meu personagem preferido é definitivamente Lord Henry Wotton. É um ser extremamente interessante e que, se realmente existisse, eu ficaria bem animada para conhecê-lo. Ele tem opinião sobre tudo (o que pode deixá-lo um pouco metido), mas são opiniões interessantes (não tenho outro adjetivo para descrevê-las) e que às vezes fazem bastante sentido. É notável que seus pensamentos não seguem a lógica da sociedade da época e que, durante alguns longos diálogos, me fizerem pensar sobre o assunto.
Alguns dizem que Henry é que transforma drasticamente Dorian e eu tenho que concordar. Mas também acho que é o próprio rapaz que se deixa levar pelas idéias. Claro, se Wotton nunca o tivesse conhecido, ele nunca teria tido problemas com o quadro e não teria se transformado tanto por causa da visão de mundo de Henry.
O começo é bastante lento por conta dos diálogos profundos e idéias demais colocadas na boca do Lorde. Não deixa de ser divertido ler sobre elas, mas a ação se encontra mais para o meio ou, pelo menos, depois que Dorian descobre o que realmente aconteceu com seu retrato. Ao final, também achei que o livro demorava para finalmente acabar. Mas, de maneira geral, é uma boa leitura.
A tradução em português que eu li foi feita por João do Rio, não sei exatamente em que ano, provavelmente no início do século XX. A maneira como é escrito o livro é muito formal e os personagens tratam-se na segunda pessoa. Particularmente, acho muito bonito o uso de “tu” e “vós”, mas demorei para me acostumar. Tenho certeza que não é uma leitura para qualquer um, mesmo que a história seja de interesse de muitos. Eu definitivamente recomendo esse livro! ;D
P.s.: E essa edição que eu ganhei da minha amiga de aniversário... Nossa, é realmente linda!

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