terça-feira, 15 de março de 2011

O Mundo Mágico de Escher

Sem dúvida, muitos artistas – contemporâneos ou não – não somente tiveram sua inspiração baseada em uma paisagem, visão ou objeto qualquer como também formularam conceitos para seus próprios trabalhos. A técnica utilizada por qualquer artista também deve ser levada em consideração, já que o resultado final dependerá de como o trabalho é feito, podendo completar a idéia daquele que o fez. Escher é um dos artistas que mescla inspiração, conceito e técnica numa visão de mundo que transparecem em suas polêmicas gravuras.

Maurits Cornelis Escher era holandês, embora tenha passado a maior parte de sua vida fora do país. Suas gravuras misturam o real com o imaginário, beirando o impossível. São imagens que impressionam pelo perfeccionismo e pelas ilusões que nos proporcionam. Escher utilizou muito da matemática, principalmente da geometria para confeccionar desenhos e rascunhos de vários trabalhos. Não é à toa que disse uma vez ter mais afinidade com matemáticos do que com outros colegas artistas.

Assim, é fácil estabelecer uma relação com o filósofo Pitágoras, muito conhecido pelo famoso Teorema de Pitágoras, aplicado principalmente na matemática. O filósofo desenvolveu a doutrina na qual o elemento básico que explica a harmonia do cosmo é o número (cosmo, no caso, a ordem da natureza, do mundo, do universo...). Escher baseou todo o seu mundo artístico em formas geométricas, como círculos, quadrados, triângulos, etc. Gravuras que davam a impressão de infinito tinham base em proporções matemáticas e, conseqüentemente, numéricas. Talvez a perfeição com que eram confeccionados seus trabalhos fez dele um artista mais bem sucedido, já que o real foi muito bem construído (através de uma ótima técnica) e desconstruído (através de ilusões) na medida em que levam todos aqueles que apreciam suas gravuras a entrar num mundo complexo, imaginário e impossível. Não por acaso, a história de “Alice no país das Maravilhas” assemelha-se ao conjunto de obras de Escher.

A abordagem do “infinito” ou de “ciclos” feitas pelo artista em trabalhos em que a imagem parece não ter fim, assim como o uso de círculos e esferas – figuras geométricas que não possuem um começo ou ponto de partida – relaciona-se diretamente com a matemática. A quantidade de números, formas e relações disponíveis na ciência do raciocínio lógico e abstrato levam ao mesmo conceito do ilimitado. Se completa aqui também a idéia de misturar na mesma folha de papel figuras bidimensionais e tridimensionais, uma maneira de brincar com o real e o irreal.

Para Escher, tudo é possível.


Depois de ir à exposição que está agora no CCBB, tive que fazer esse texto para a aula de filosofia... Achei pseudo-interessante o resultado. Para os cariocas que ainda não foram: vocês não irão se arrepender!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Marcadores